TROMBOSE VENOSA PROFUNDA - QUAL É O FUTURO DO TRATAMENTO?
Ao longo dos últimos anos o tratamento da trombose venosa
profunda envolvia basicamente a anticoagulação plena (medicamentos
anticoagulantes para afinar o sangue) associada à terapia compressiva com meias
elásticas. Em paralelo, as medidas posturais e comportamentais também faziam
parte do tratamento conservador (elevação dos membros, evitar a posição sentada
por muito tempo, etc...).
Infelizmente, uma grande parte dos pacientes, mesmo
obedecendo rigorosamente ao tratamento clínico, evoluía para a chamada síndrome pós-trombótica (SPT).
Resumidamente, a SPT
resulta da destruição das válvulas venosas pelos trombos afetando o
funcionamento adequado das veias. Consequentemente, os pacientes podem
apresentar desde sintomas leves (inchaço nas pernas ao final do dia, sensação
de peso, etc...) até sinais graves de insuficiência venosa crônica (edema grave,
dores insuportáveis, úlceras venosas...).
Recentemente, o tratamento cirúrgico das tromboses (através
de cateterismo seguido pela aspiração dos trombos e injeção de drogas que
dissolvem os coágulos), principalmente nos grandes vasos, ganhou espaço na
prática médica apresentando resultados animadores.
Porém, nenhum grande estudo científico impactante foi
realizado documentando a superioridade do tratamento cirúrgico em relação ao
tratamento clínico, apesar de alguns trabalhos menos abrangentes já sugerirem
benefícios importantes do tratamento cirúrgico.
Felizmente, um trabalho de alto nível e grande impacto está
em andamento nos EUA envolvendo em torno de 40 a 60 Hospitais e mais de 690
pacientes portadores de trombose venosa profunda sintomática. Os mesmos serão
randomizados (escolhidos ao acaso) e inseridos em dois grandes grupos:
No primeiro grupo, os pacientes serão submetidos ao
tratamento cirúrgico por cateter seguido pela anticoagulação plena habitual
associada ao uso de meias elásticas.
No segundo grupo, apenas a anticoagulação e as meias
elásticas serão utilizadas.
Em resumo, este estudo conhecido por ATTRACT objetiva
comparar os resultados do tratamento cirúrgico das tromboses no território
ilíaco e femoral com o tratamento clínico habitual. Após a conclusão do mesmo,
cinco questões poderão ser respondidas:
O tratamento cirúrgico é capaz de melhorar a qualidade de
vida dos pacientes?
O tratamento cirúrgico é capaz de reduzir a incidência da
síndrome pós-trombótica em relação ao tratamento clínico?
O custo-benefício deste tratamento é aceitável?
O tratamento cirúrgico é seguro?
Através de que mecanismos o tratamento cirúrgico preserva a
função das válvulas venosas?
Caso as respostas sejam positivas em relação aos benefícios
da abordagem cirúrgica na trombose venosa profunda, poderemos estar diante de
um grande recurso para evitar as complicações desta patologia e, certamente,
proporcionar uma melhora da qualidade de vida para a população acometida.
Aguardamos atentos e ansiosos.
Para mais informações, visite o site do estudo:
attract.wustl.edu/
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